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Esses dias respondi uma pergunta muito interessante de uma jornalista da Folha de São Paulo.

Por telefone ela perguntou:

- Gustavo, você que está sempre falando sobre o tema da felicidade, como podemos olhar esse momento de pandemia, sabendo que muitas pessoas perderão seus empregos e até suas vidas, que passaremos por muitas dificuldades e não nos sentir tristes?

Eu comentei com ela alguns insights importantes da Psicologia Positiva e da Ciência das emoções.

O ponto não está em não se sentir triste. Porque essa é uma emoção natural à vida humana. Acreditar que é possível estar feliz todo o tempo é uma das ilusões perigosas quando abordamos o tema. É preciso viver e sentir as tristezas que a vida nos traz, assim como é natural sentir medo e frustração.

O importante é lidarmos com esses sentimentos, darmos lugar a cada um deles, percebermos como eles se manifestam em nosso corpo, que pensamentos trazem consigo e respirar fundo. Perceber que eu não sou o que eu sinto e nem o que eu penso. Ligar o observador que de forma neutra observa esse fluxo.

Dessa forma, dando lugar a essas emoções eu posso permitir que elas fluam por mim. Não reprimo, não nego, não julgo, apenas deixo que flua e assim percebo o caráter impermanente das emoções. Todas elas sempre passam. Mesmo aquelas positivas que nós gostaríamos de segurar para sempre.

Lidando com a tristeza eu evito que ela se torne uma depressão ou uma apatia paralisante.

Lidando com o medo eu evito que ele se transforme em pânico e tome o controle das minhas ações.

Nesse lugar de equilíbrio, em que eu sinto tudo que a vida me trouxer, mas não me deixo levar por nenhuma dessas emoções em reações inconscientes, eu posso encontrar uma forma de canalizar essas emoções como combustível para uma ação consciente e efetiva.

Se me sinto triste e reconheço a tristeza posso usá-la como combustível para agir sobre a situação que me entristece. Por exemplo, se estou triste pela situação das comunidades de risco durante a pandemia, posso usar como motor para iniciar uma ação social de arrecadação de alimentos.

Se sinto medo pela situação econômica e lido com essa emoção posso encontrar um lugar emocionalmente seguro para planejar as ações que me possibilitem passar por essa turbulência.

Se sinto medo pela minha saúde e dos meus entes queridos, quando estou emocionalmente centrado, posso planejar formas de manter a mim e minha família com saúde e em segurança.

No fundo, todos os dias, em todos os lugares, a todo momento existem no mundo milhares de motivos para que eu me sinta triste. Da mesma forma, todos os dias, em todos os lugares, a todo momento existem no mundo milhares de motivos para me alegrar.

Onde você escolhe colocar o foco da sua atenção?

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