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As crescentes discussões sobre a forma como nos relacionamos com o outro e com o mundo chama atenção para a necessidade de uma mudança em nossa sociedade.

Podemos dizer que a desigualdade social, discriminação étnico-racial, misoginia, sexismo, machismo e especismo são resultados de como enxergamos o outro, diferentes de nós?

Vamos lá, que somos diferentes isso é um fato, a necessidade de reconhecermos as diferenças sem considerarmos isso como algo negativo é urgentíssima. A reflexão aqui sugerida é para além das formas e das aparências.

Já ouviram falar da Heresia da Separatividade?

A Filosofia Tibetana traz esse conceito como sendo a grande causa dos males que assolam a humanidade por estabelecer a crença de que o indivíduo é separado de todo o resto. É considerada como A grande Heresia por conduzir a humanidade em caminhos tortuosos e equivocados a partir do momento que induz o ser humano a enxergar a si mesmo como desvinculado dos demais e da natureza.

A ideia de que EU sou separado de VOCÊ germina o campo da competição, inveja, medo e tantos outros sentimentos que nos levam ao confronto com o planeta. A nossa educação é voltada para o percurso individual de cada um, com metas e conquistas individuais, induzindo, muitas vezes, às corridas doloridas e espúrias entre os competidores do jogo da vida.

Helena Blavatsky, na obra A Voz do Silêncio, ensina que “Se queres alcançar o Vale da Bem-Aventurança através do Salão da Sabedoria, Discípulo, fecha com força os teus sentidos contra a terrível Heresia da Separatividade que te afasta do resto”.

Imaginem uma realidade na qual consideremos a humanidade como uma grande família. Se o porteiro fosse seu irmão, como você o trataria? Se o olhar sobre o outro fosse fraterno, você continuaria agindo da mesma forma que age nesse exato momento?

A evolução da humanidade se dá como um todo; somos como células de um corpo vivendo em conjunto. Se há harmonia, há saúde. A crença de separação e da ausência de vínculos é ilusória e temporária, pois por detrás do mundo manifestado há algo uniforme e indivisível que faz com que a matéria manifeste vida.

É o que faz a semente se transformar em uma grande árvore, as asas dos pássaros baterem com força, o bebê virar um adulto, os corações de todos os seres pulsarem o ritmo da vida.

Se conseguirmos enxergar para além das formas, dos corpos físicos, a unidade, verdadeira face universal, poderá se manifestar, se fazer vista, pois na essência não há nada que seja hierarquicamente superior ou inferior.

Veja, se percebermos o Todo em tudo, uma essência uniforme nas manifestações de vida, a conclusão será o respeito ao mais venerável dos homens assim como o mais ignorante da nossa espécie. E, assim como aos homens, aos outros seres também será dado o devido respeito, com a mesma grandiosidade e compreensão.

A crise que assola a humanidade é uma crise de valores?

Se superarmos a ideia errônea do “eu e você” para colocarmos em seu lugar a visão de “nós”, a fraternidade poderá alicerçar uma nova humanidade.

Voltemos às palavras de Helena Blavatsky nos últimos dias de sua vida: “Guardai a União”.

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